Você já se perguntou como fazer para agregar os conhecimentos da Educação Midiática para os seus conteúdos? As transformações tecnológicas, tão aceleradas e com tantos recursos, se tornaram um desafio na vida de muitos professores. Esses profissionais se sentem perdidos quanto ao uso dos aparelhos, a realidade cada vez mais digital da sociedade e as experiências virtuais das crianças e adolescentes.
Mas uma coisa é certa. Gostando ou não dessas novidades, é preciso saber lidar com elas. Principalmente, por ser uma tendência cada vez mais presente em sala de aula e incentivada por políticas públicas de educação.
No Encontro Internacional de Educação Midiática, realizado em maio no Rio de Janeiro, a Diretora de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do MEC, Anita Gea Martinez Stefani, afirmou ser necessário trabalhar a Educação Midiática desde a Educação Infantil. E que existe, por parte do Governo Federal, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, uma iniciativa com o objetivo de articular ações para o uso da tecnologia com fins pedagógicos e administrativos em toda rede pública de educação básica.
Segundo Anita, a busca por enriquecer o processo ensino-aprendizagem envolve ações como proporcionar mais infraestrutura às escolas e propor novos eixos pedagógicos nos currículos. Especialmente, na formação docente, com competências digitais até mesmo para dialogar com os choques de geração entre alunos e professores.
“A maioria dos professores se formou em outra época. O nosso papel enquanto governo é olhar para esses profissionais com empatia e dar apoio para que se sintam mais seguros com essa realidade”, explica.
Seminários com exemplos práticos, referenciais e guias de implementação de atividades já são previstos pelo MEC, que por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já traz os princípios de culturas digitais – assim mesmo, no plural – e transversalidades.
Ou seja, a proposta é que o professor consiga, nas suas práticas e conteúdos, e dentro da realidade tecnológica e social da sua escola, identificar potenciais temas que possam ser interessantes para as suas turmas. E com isso, propor atividades que contemplem as questões da atualidade, de forma que desperte no seu aluno o pensamento crítico e criativo.
Como trabalhar a educação midiática em todas as etapas de ensino
Em entrevista ao JC, Jornal da Criança & Jovens, Anita deu dicas de como realizar a educação midiática em todas as etapas de ensino adequadas a cada faixa etária.
“Trazendo contextualização, trabalhando com as fontes, perguntando o que é notícia, o que é dado e o que é informação, trazendo esses diferentes conceitos.
A gente usa muito material de referência do mundo real, como uma notícia de jornal, um vídeo no YouTube, um podcast. Para quem, com qual objetivo e quem produz uma notícia? Sempre que o professor trouxer essas reflexões para a sala de aula, ele está trabalhando com a educação midiática.”
Novidades para o Ensino Médio
Uma novidade anunciada pela Diretora do SEB foi a criação de um livro de Educação Digital para o Ensino Médio: “Pela primeira vez, no material obrigatório de todas as escolas que fazem a adesão ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), o Ensino Médio vai ter um livro didático específico sobre educação digital para que seja trabalhado de maneira transversal ou como um componente curricular exclusivo, sendo tema obrigatório nas escolas, que vai escolher como trabalhar. Isso vai ser um indutor muito importante para trazer as questões de tecnologia mais forte dentro da sala de aula”, explica.
O livro vai trazer temas como Educação Midiática, letramento algorítmico, pensamento computacional, entre tantos outros.
“Isso será bom para os alunos, que vão ter esse conhecimento de forma mais obrigatória, mas também para apoiar o trabalho do professor. A gente não precisa ter professores especializados nessa temática. Qualquer professor, de qualquer disciplina, precisa trazer a educação digital para dentro do seu conhecimento. Então esse material vai ajudar os professores das disciplinas tradicionais e em projetos integradores entre disciplinas para apoiar a prática do ensino-aprendizagem”, detalha Anita.
Por Carolina Grimião Jornalista e Professora
Referências: Entrevista, Ministério da Educação
Acesso em 11 de julho de 2024.