No coração do Mato Grosso, os estudantes da Escola Municipal Indígena Wazare estão animados para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril.
Com o apoio tanto da Secretaria da Educação de Campo Novo do Parecis quanto dos professores, a escola é um símbolo da preservação da cultura e da identidade dos Haliti-Paresi. Isso porque ensina a língua Aruak, uma das 274 línguas indígenas ainda faladas por 305 etnias no Brasil.
“Durante o dia da festa, os estudantes participam de jogos tradicionais, como a peteca e o Jikyonahati, também conhecido pelo nome “Cabeçabol”. Nesta brincadeira que acontece no campo de terra, vale usar apenas a cabeça para passar a bola feita de seiva de mangabeira”, conta a professora Valdirene Avelino Zakenaezokerô.
A seiva de mangabeira é como um “suco”. Ele sai do tronco da árvore e, ao secar, vira algo parecido com borracha usada para fazer bolas e objetos.
Além disso, o dia é especial não só pela diversão, mas também por lembrar e valorizar as tradições do povo Haliti-Paresi. Um exemplo disso é o poema de Eliano Naizokae, chamado Índio Verdadeiro, recitado pelo estudante Hawan Azoinayce, de 10 anos.
Com suas palavras, ele traz uma mensagem sobre o orgulho de manter viva a cultura, a língua e as pinturas do seu povo.
Poema na língua Aruak
Autor: Eliano Naizokae
Natyo Haliti Kaitserehare
Nawaitita Haliti nawenane
Mahiya zóana heko nohotyali
nomaotyanita
Mahaiya zóana heko
nakikitxoita
Nohotyali naiyatelitsa
nakahinyaitya maheta
Mahiya zóana heko nozako
nozonatyóani
nomaotyanita
Nokamani kitxiya heko Haliti
notyaona.
Índio verdadeiro (tradução na Língua Portuguesa)
Eu sou verdadeiro índio Haliti-Paresi
Tenho orgulho de ser Haliti
Nunca irei esquecer meu povo
Nunca deixarei o meu povo
Sempre irei defender
e fortalecer a vida
e a cultura do meu povo
Nunca irei esquecer o meu idioma
Nunca irei esquecer a pintura corporal
Até a minha morte, terei orgulho
de ser um autêntico Haliti-Paresi
Referências: Entrevista, gov.br
Acesso em 18 de março de 2025.