No dia 10 de julho, quase 128 depois da sua criação, a Academia Brasileira de Letras (ABL) recebe sua primeira escritora negra. Com 30 dos 31 votos totais, a mineira Ana Maria Gonçalves se tornou uma imortal da ABL. Ela vai ocupar a cadeira número 33, que pertencia ao filólogo Evanildo Bechara, depois de disputar a posição com mais de dez intelectuais. Ana Maria é do tipo que ama aprender e entender o mundo e agora faz parte de um grupo muito especial de escritores e pensadores.
Um Defeito de Cor
Ana Maria é conhecida por sua obra Um Defeito de Cor, publicada pela primeira vez em 2006. O livro segue a história da protagonista negra Kehinde, narrada em primeira pessoa, que mostra a história e os desafios dos tempos da escravidão no Brasil. Até hoje, mais de 180 mil exemplares já foram vendidos, e o livro está na 46ª edição. Por fim, em 2024, a obra serviu de inspiração para a criação do enredo da escola de samba Portela no carnaval do Rio de Janeiro.
Talentosa, Ana Maria também é roteirista, dramaturga, curadora de projetos culturais e também professora de escrita criativa.
Uma curadora de projetos culturais é quem escolhe quais artistas vão participar, além de ajudar a montar exposições, shows e oficinas sobre tudo que envolva música, teatro, dança e pintura. Por outro lado, como professora de escrita criativa, Ana ensina a usar a imaginação para escrever histórias incríveis.
O objetivo
Então, como membro da ABL, a escritora quer ajudar a ampliar os horizontes da literatura no Brasil, em um momento onde cada vez menos pessoas estão lendo livros.
Além disso, Ana Maria Gonçalves também quer reforçar a presença das mulheres na cultura nacional. “É uma responsabilidade grande. Sou a 13ª mulher na Academia, que proibia nossa entrada até 1970. As mulheres precisam se candidatar mais. Que venham mais mulheres. É um dos papéis que gostaria de ensinar lá dentro, este caminho das pedras”, afirmou a escritora.
Referências: Folha de S. Paulo, Ministério da Cultura, Correio Braziliense
Acessos em 15 de julho de 2025.