11/08/2025

Como falar sobre adultização infantil nas redes sociais?

Adultização infantil

Por Viviane Zanardo, jornalista e editora-chefe do JC

Nos últimos dias, o vídeo do humorista Felca sobre a influenciadora Kamylinha, de 17 anos, viralizou e reacendeu um debate urgente: a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais. Como jornalista e mãe de uma adolescente, senti o impacto desse conteúdo não apenas como espectadora, mas como alguém que vive, diariamente, os desafios de orientar jovens em um mundo digital que muitas vezes exige deles uma maturidade que ainda não têm.

A repercussão do caso, que envolve investigações do Ministério Público e a remoção de perfis por decisão judicial, mostra que estamos diante de um fenômeno complexo, que ultrapassa o entretenimento e toca em questões legais, éticas e educacionais. Como profissional que realiza formações com professores sobre educação midiática, percebo que ainda há uma lacuna importante: o diálogo com os responsáveis.

Por que precisamos abrir esse canal de conversa?

Muitos pais e responsáveis não acompanham o que seus filhos consomem ou produzem nas redes. Seja por desconhecimento, falta de tempo ou por não entenderem a linguagem digital, acabam ausentes de um espaço que molda comportamentos e identidades.

A adultização não é apenas sobre roupas ou danças. Muito além disso, é sobre uma pressão silenciosa para performar uma maturidade que não corresponde à vivência emocional e cognitiva dos jovens.

Quando crianças e adolescentes se expõem sem orientação, correm riscos reais, desde o cyberbullying até a exploração de sua imagem por terceiros.

A escola pode e deve ser ponte entre o universo digital dos alunos e a realidade dos adultos que os cercam. Professores têm a oportunidade de abordar temas como privacidade, exposição, consentimento e segurança digital de forma crítica e acolhedora. Mas isso só será efetivo se houver parceria com as famílias.

Como iniciar esse diálogo?

  • Promova rodas de conversa com pais e responsáveis sobre o uso das redes sociais.
  • Compartilhe materiais como o Manual de Aventuras Seguras na Internet, publicado recentemente pelo JC.
  • Incentive os alunos a refletirem sobre o que postam e com quem compartilham.
  • Reforce que não é preciso parecer mais velho para ser interessante. Aliás, autenticidade é o que realmente conecta.

Educação midiática é cuidado

Educar para o uso consciente das redes é uma forma de proteger. É ensinar que cada curtida tem um contexto, cada vídeo tem uma consequência, e que a liberdade digital precisa vir acompanhada de responsabilidade e afeto.

A viralização do vídeo de Felca mostra que quando alguém levanta uma questão, outros podem agir. Então, que sejamos esses “outros”: pais, professores, jornalistas, cidadãos atentos ao que acontece com nossas crianças e adolescentes, dentro e fora das telas.


Atualizado em 11 de agosto de 2025.

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