24/05/2024

Quais os desafios éticos da tecnologia na educação?

Debates no Encontro Internacional de Educação Midiática discutem como usar a tecnologia na educação

Nos dias 23 e 24 de maio aconteceu o Encontro Internacional de Educação Midiática, no Rio de Janeiro. A jornalista e professora Carolina Grimião fez a cobertura do evento e compartilhou com o JC os principais insights e debates desse que é um dos eventos mais esperados da área da Educação no Brasil! Confira o relato completo abaixo.

Encontro Internacional de Educação Midiática discutiu o uso da tecnologia na educação

Mídias, novas tecnologias, informações vindas de todas as partes e uma sociedade cada vez mais interconectada. Aliás, assim também é nas escolas. Os desafios da liberdade de expressão com a consciência crítica em um ritmo cada vez mais acelerado chegaram às salas de aula como uma necessidade urgente para professores e alunos nas mais diversas formas de leitura de mundo.

O uso da tecnologia na educação ainda é um tabu para muitos educadores. Mas a formação de um pensamento questionador sobre o que é consumido enquanto informação é fundamental.

Essas foram algumas das reflexões que pautaram os diversos debates, assim como a busca de soluções e caminhos para uma prática docente mais alinhada com as realidades infocomunicacionais, do Encontro Internacional de Educação Midiática.

O evento foi promovido pelo Instituto Palavra Aberta e aconteceu nos dias 23 e 24 de maio, na sede do jornal O Globo, no Rio de Janeiro.

Com o tema “Direitos Humanos, Meio Ambiente e Democracia na era da Inteligência Artificial”, o encontro reuniu representantes do poder público e privado. Além disso, organizações e professores também participaram para pensar os impactos na diversidade, nas políticas públicas e nas inúmeras frentes que permeiam a sociedade.

“Quando pensamos na temática deste evento foi justamente por entender que o momento exige que a gente discuta o avanço da tecnologia sob a ótica de preservação dos direitos e no combate à desinformação, que são temas cruciais para discutir cidadania”, explicou Patrícia Blanco, Presidente do Instituto Palavra Aberta.

A instrumentalização por um uso mais crítico da tecnologia na educação

Segundo Fábio Meirelles, da Secretaria de Políticas Digitais, existe uma preocupação com a integridade das informações que se espelham nos Direitos Humanos como um todo desde 2020. Como, por exemplo, o Projeto de Lei 2630, que preza pela liberdade, responsabilidade e transparência na internet.

Mas o que, de fato, essa medida impacta nas práticas de Educação Midiática?

Para Fábio, discutir a permanência das constantes transformações das tecnologias e instrumentalizar os professores é a proposta.

“Até 2027 temos o objetivo de formar mais de 300 mil profissionais de educação em cursos de educação midiática para IA”, anunciou o Fábio.

“Hoje, diversos países no mundo já estão criando políticas públicas para proteção da criança e do adolescente no ambiente digital. Para isso, é necessário ter mais participação social no questionamento das informações”, finalizou.

São questionamentos nas mais variadas esferas. Seja para pensar de onde vem a informação, com qual objetivo ela está sendo difundida, até nos interesses que podem haver por trás de algum conteúdo.

Para isso, é necessário ir além de aceitar a informação, é preciso refletir sobre ela. Aliás, o que não falta são possibilidades: notícias, podcasts, posts nas redes sociais, vídeos, charges e memes são fontes inesgotáveis para todos os assuntos possíveis.

Enfim, o que o professor precisa saber é que ele não tem a tecnologia como adversária e, sim, como aliada para muitos debates ricos dentro e fora da sala de aula.

Quais as linguagens para pensar tecnologia junto à sociedade?

Já pensou que existem padrões que se repetem? Ou seja, comportamentos, pensamentos ou gostos que se repetem e chegam até nós como algo pronto para ser consumido. O uso das IAs traz um material tão acessível que se torna fácil, em meio a correria do dia a dia, aceitar aquelas informações e seguir em frente.

Porém, mais importante do que ter as respostas é saber se as perguntas estão corretas.

Por exemplo, quando o Google surgiu, muita gente acreditou que ele resolveria todos os problemas com a sua eficiente e ilimitada busca de conteúdos. De fato, sua ajuda e é fundamental nos nossos dias. Mas, se jogarmos uma palavra, ou conceito aberto, aparecerão milhares de possibilidades entro e fora daquilo que realmente precisamos.

O que fazemos, geralmente, é filtrar essa avalanche de conteúdos. Com o tempo, aprendemos que, se colocarmos no buscador algo mais direcionado, as chances de encontrarmos o que procuramos de forma mais precisa é maior. E conseguimos até descartar quando a fonte não parece confiável.

Então, com as IAs o processo precisa seguir uma lógica parecida e ter as perguntas certas antes e depois.

Como usar a tecnologia na educação para construir um futuro melhor

Para a empreendedora social, Silvana Bahia, a falta de diversidade na produção das tecnologias e seus usos devem ser um ponto a se pensar.

“A Inteligência Artificial poderia criar uma geração de pessoas perguntadoras. Por que não estimular o uso das tecnologias para o bem comum e para a diversidade?”, questionou a Silvana.

Educação midiática é saber. Por isso, mais do que ter um celular na mão, é necessário saber o que fazer com ele.

Não é o acesso à internet que garante uma informação de qualidade e, sim, as formas de buscá-la, de utilizá-la e ressignificá-la. Assim, entendemos que todos nós também somos produtores de conteúdo em potencial.

Saúde, meio ambiente, educação, pautas sociais, tudo pode ser explorado no universo digital. Afinal, a cidadania está no empoderamento da capacidade de refletir e olhar além.

Como estão os seus debates em sala de aula sobre isso?


Referências: Cobertura do evento, O Globo, Porvir – Inovações em Educação, Agência Brasil

Acessos em 24 de maio de 2024.

Pesquise

Livros Infantis
Boas Dicas
Podcast do JC

Escolha um canal:

Envie sua carta

Endereço

Alameda Santos, 1165 – Caixa Postal: 121621, Jd. Paulista, São Paulo – SP, CEP: 01419-002