17/06/2021

A LÍNGUA PORTUGUESA DE CADA REGIÃO DO BRASIL

Museu da Língua Portuguesa

Pelo menos um cidadão de cada estado do mapa geográfico do Brasil já esteve na Estação da Luz, no coração de São Paulo, a cidade com a maior população de falantes de português do mundo. Muitos chegam ali com apenas uma mochila nas costas e a esperança de conquistar um emprego, em busca de um futuro melhor. Certamente é um lugar paulistano, mas que pertence a todos os brasileiros que passam por lá. Por isso, a estação da Luz foi escolhida para sediar o Museu da Língua Portuguesa desde 2006. Fechado em 2015 por causa de um incêndio, enfim, o centro histórico vai reinaugurar em 17 de julho e o JC comemora a reabertura com uma reportagem especial sobre os falantes da língua portuguesa de diversas partes do Brasil.

Diversidade linguística

O aluno pode ser bom de português, mas quando viaja para outro estado dá um “nó na cabeça” porque, às vezes, é difícil entender as expressões regionais de cada lugar.  O nordestino diz “Arre égua” quando está surpreso, já o gaúcho diz “tchê” enquanto o goiano “rensga” e o mineiro diz “uai”. Certamente, os sotaques e a língua portuguesa falada em cada região do país têm estilo próprio. Quem fala sobre este assunto é a professora Edjane Nunes Galdino Bertacco, do Colégio Marista Arquidiocesano, de São Paulo. Ela aceitou o desafio de escrever sobre a importância das variações linguística no Brasil afora. Veja abaixo como ficou:

–  “Nossa Língua Portuguesa é de lorde! É importante que só! A sua diversidade é um trem arretado de bão! É como um arco-íris batuta, ligando guris e piás de todos os cantos deste mundão de meu Deus até a baixa da égua! Só não gosta quem é mouco ou quem se amachurra e fica com pantim. Mas não vale mangar, nem ficar metido a sebo! Bora estudar, pongar, para se tornar égua de largura! É ficar de bubuia e prosear. Essa riqueza de língua junta uma ruma até o tucupi!”.

Parece estranho, no entanto o texto acima está certíssimo. Aliás, não existe palavra errada quando falamos sobre as expressões regionais que enriquecem a cultura brasileira. O leitor de São Paulo pode não entender o que significa “de lorde”, mas o nordestino sabe que é “gente importante”. Da mesma forma, o baiano pode não compreender quando o brasiliense diz que alguém é “metido a sebo”, ou seja, “que está se achando”, como diz o paulista. Sem dúvidas, é difícil o amazonense “ficar de bubuia” quando o mineiro fala “trem arretado de bão”, que apenas quer dizer “coisa boa”. Aliás, se o mineiro não entender que “ficar de bubuia” é o mesmo que “fique tranquilo” ou “de boa”, a conversa entre eles pode acabar em confusão ou diversão. Tudo depende do ponto de vista.

Veja outros significados das palavras do texto da professora:

A população NORDESTINA tem um jeito especial de dizer, por exemplo:
“Ficar com patim” é o mesmo que exagerar, fazer “uma tempestade em copo d´água”.
Engana-se que “baixa da égua” pode ser um lugar embaixo do animal, porque a expressão quer demonstrar que o lugar é longe demais.
“Mouco” é pessoa surda e “mangar” é rir de alguém, fazer pouco caso.
Mas não se incomode porque é bom demais “prosear” com o nordestino, ou seja, conversar!
Além disso, “uma ruma” significa um monte e “pongar” é quando o baiano quer dizer “pegue carona nessa ideia” ou “faça igual”.

LÁ NO NORTE, A POPULAÇÃO FALA:

“Égua de largura” para dizer que a pessoa é muito boa no que faz!
E quando falam até o tucupi não se assuste! Quer dizer que encheu tudo, juntou demais.
“Guris” e “piás” é o jeito de chamar os meninos e meninas da REGIÃO SUL do Brasil!
“Amachurra” é amoitar-se, aquietar-se, encolher-se assim como diz o CATARINENSE.

Trocando as palavras

Para o Davi Henrique Teófilo de Azevedo Lima, de 12 anos, poeta e aluno da Sociedade Educadora São Francisco, de Recife em Pernambuco, faz parte do seu dia a dia brincar com o significado das palavras. Afinal, o garoto é cordelista assim como os seus pais, Sâmia de Azevedo e Jadson de Lima, e vivem brincando com os sinônimos em suas rimas e poesias. Um dia, Davi viajou com os pais e amigos para Acau, uma cidade do litoral paraibano. Estava bastante calor e eles foram tomar um “dimdim”ou “tabu” e foi quando o Davi ouviu alguém chamando o dindim dele de sacolé ou geladinho. O acontecimento virou motivo de risos, afinal, não importava o nome porque o produto era apenas um sorvete dentro do saco.

A Alice Silva Teodoro, de 8 anos, também não entendeu quando viu a palavra “guri” escrita em uma placa no parque temático Cidade das Criança. Ela é estudante da Escola Champagnat, em Presidente Prudente, interior de São Paulo. “Estava escrito assim: “Aqui temos projetos para os guris”. Então, a minha mãe explicou que no Sul as pessoas falam guri para chamar os meninos. Ela disse também que lá eles têm a cultura diferente da nossa. Depois que ela me explicou, bem explicadinho, eu entendi tudo e achei bem engraçado”.

Assista o bate papo sobre o tema:


Fontes: Sotaqueando, Museu da Língua Portuguesa
Acessos em 16 de maio de 2021.

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