As formas geométricas ganharam vida na história da autora e pedagoga Liliane Mesquita. Triângulos, quadrados e círculos agem como pessoas e fazem o leitor pensar sobre as diferentes. Mas, antes de ler a entrevista com a autora, vamos conhecer o famoso círculo amarelo.
Bem redondo e com a cor igual ao do Sol, o círculo amarelo vivia se disfarçando para ser aceito na UniCidade. Isto porque neste lugar viviam apenas triângulos vermelhos e quadrados azuis. Em primeiro lugar, quem não seguia os padrões precisava dormir em cama de forma triangular ou quadrada e pintar a sua pele para ser aceito pela sociedade. Na opinião do círculo amarelo, era muito difícil ser tão diferente de todo mundo. Até que, um dia, ele criou coragem e decidiu mostrar para todos como é de verdade.
JC – Liliane, o que a motivou escrever este livro?
Percebo que é importante falar sobre diversidade com as crianças. Nada melhor do que a Literatura para atingir esse objetivo.
JC – Se inspirou em alguma situação específica?
A inspiração surgiu de diversas situações que observo no dia-a-dia, nos noticiários e com meu filho Pedro.
JC – Dia 20 de novembro celebramos o Dia da Consciência Negra. Gostaria de transmitir alguma mensagem sobre racismo aos nossos leitores?
O grande Nelson Mandela tem uma excelente frase que traz uma mensagem importantíssima: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender.”
Nenhuma criança nasce racista. Entretanto, elas podem reproduzir atitudes discriminatórias, pois crescem em uma sociedade onde há séculos, infelizmente, tem enraizado o racismo estrutural. Sendo assim, mesmo sem perceber, podem acabar reproduzindo essa “lógica” nas suas relações. Já que se aprende a odiar, com toda certeza somos capazes de ensinar e aprender a amar e respeitar ao próximo.
A autora Liliane Mesquita também escreveu o livro Onde é o lugar de Dandara? A história fala sobre uma criança negra que percebe os olhares do preconceito e tenta encontrar o seu próprio espaço. Até que, certo dia, uma professora transforma seu modo de ver a vida. Enfim, mostra o lugar que Dandara tanto procurava.
A vida como ela é…
“Situações racistas ocorrem cotidianamente na estrutura da nossa sociedade, nas instituições e individualmente nas relações. Algumas vezes encontrei apoio, mas em outras houve naturalização do racismo”, desabafa Eloah da Silva Cunha, de 15 anos, aluna da Rede Municipal de Ensino de Indaiatuba, interior de SP.
Sobre este assunto, o JC ouviu a Joseni da Silva Cunha, especialista no tema, professora e orientadora aposentada. “Em primeiro lugar, no Brasil não há enfrentamento para o combate ao racismo. Temos Leis que asseguram a tratativa, no entanto, falta formação, vontade política e social para a criação de uma educação e sociedade antirracista. É urgente que olhemos para a estrutura que perpetua o racismo e iniciemos a revisão da nossa história e do povo negro a partir da África e não do navio negreiro! Juntemos todos para aprendermos nossa identidade.”
Referência: Assessoria de imprensa da autora e Secretaria de Educação de Indaiatuba
Acesso em 17 de outubro de 2022.