O Encontro Internacional de Educação Midiática aconteceu nos dias 23 e 24 de maio, reunindo importantes atores da sociedade. A jornalista e professora Carolina Grimião fez a cobertura do evento e compartilhou com o JC os principais insights e debates.
Educação midiática nas escolas: a proposta dos Ginásios Educacionais Tecnológicos
Não há dúvidas de que trabalhar a Educação Midiática envolve muitos fatores internos de cada escola. Afinal, são diversas realidades, situações e possibilidades. Além disso, também é necessário pensar em políticas públicas e investimento para existir e ganhar força.
Para entender como essas variáveis se complementam na prática, o Jornal da Criança e Jovens entrevistou o Secretário Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha.
O Secretário elencou as ações que vêm sendo realizadas nas escolas da rede municipal de ensino e explicou sobre o modelo dos GETs, que atingem um quinto dos alunos cariocas e já apresenta resultados!
Jornal da Criança e Jovens: O Encontro Internacional de Educação Midiática dialoga com questões importantes da atualidade. Como a Secretaria Municipal de Educação do Rio vem trabalhando a educomunicação?
Renan Ferreirinha (SME/RJ): Esse é um tema central hoje na discussão mundial e no Brasil não é diferente. Temos passado por fake news, por desinformação e a escola deve ter um papel central para fazer com que os alunos consigam distinguir entre fato e fake, consigam ir atrás de uma fonte primária e de um conhecimento bem fundamentado. E para isso temos diversas ações na nossa rede.
Como usar a tecnologia de maneira consciente em sala de aula?
Primeiramente, o Renan conta que têm motivado os alunos a conhecer mais sobre o jornalismo.
“Temos um grande projeto, que é o ANDAR. É a agência da Secretaria de Educação feita pelos alunos, com base nos jornais que eles fazem nas escolas e estão fazendo agora a cobertura do G20, que é o maior evento deste ano, coordenado por lideranças globais. E isso dentro das nossas aulas de Língua Portuguesa e Redação, para que os alunos não confiem em tudo que está chegando de informação, mas tentem questionar o pensamento crítico que precisa ser muito motivado”, explica o Secretário.
Por fim, há um debate muito forte no Rio de Janeiro sobre o uso consciente da tecnologia. O Rio é a primeira cidade do Brasil a proibir o uso de celulares nas escolas, a não ser que o professor tenha um uso pedagógico em sala de aula.
Aliás, o Secretário explica que essa decisão foi tomada com base nos relatórios da UNESCO. “Acreditamos que é fundamental ter esses limites. Mas, por outro lado, temos o modelo de ensino mais inovador do país, que são os Ginásios Educacionais Tecnológicos, os GETs. Então, é sobre saber usar a tecnologia a nosso favor”, explica o Renan.
Por dentro dos Ginásios Educacionais Tecnológicos
Jornal da Criança e Jovens: Falando mais sobre os GETs, como eles funcionam na prática?
Renan Ferreirinha (SME/RJ): O GET é uma metodologia que a gente criou no começo de 2022 e já está presente em quase 200 escolas do Rio de Janeiro. São escolas vocacionadas com muita escala, que seguem a metodologia STEAM, que é Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática, integrando diferentes áreas do conhecimento, fomentando o pensamento crítico e a sensibilidade humana.
Gosto de dizer que o GET é o CIEP do século 21. Uma escola em tempo integral, que consegue preparar os nossos alunos para os principais desafios deste século”, explica o Secretário.
Dentro do GET um co-laboratório, que é uma sala de espaço maker, onde os alunos têm acesso à robótica, programação, essa educação mão na massa. Aliás, a ideia é ser muito mais do que uma educação conteudista, e sim trabalhar a capacidade de criar e construir.
Atualmente, um quinto dos alunos da rede municipal têm acesso ao programa durante sua formação.
Os benefícios da educação midiática na vida dos alunos
Jornal da Criança e Jovens: Quais são os maiores avanços que você percebe neste cenário? O que já conseguimos mensurar de resultados?
Renan Ferreirinha (SME/RJ): A gente já tem observado a melhoria das nossas provas diagnósticas, tanto de Matemática, quanto de Língua Portuguesa. Além disso, a queda da evasão escolar, que é praticamente nula.
Fazer com que o aluno deseje estar naquele ambiente escolar é fundamental. Por isso, temos muita convicção que o GET é uma excelente resposta para que os nossos jovens e as nossas crianças não só estejam nas escolas, mas que aprendam nelas. Esse é o nosso grande desafio como país, melhorar a qualidade do ensino.
Referências: Entrevista, O Globo
Acessos em 29 de maio de 2024.