A 22ª edição do Big Brother Brasil mal começou e já trouxe à pauta vários temas que ganham destaque nas redes sociais e na imprensa especializada em entretenimento. Mas aqui não me cabe falar sobre transfobia, crise de ansiedade, egocentrismo, depressão, pais tóxicos e etc. Há uma expressão, porém, muito repetida pelos participantes, que parece servir para simplificar ou reduzir a importância de dialogara quando algumas questões entram em discussão. “É sobre isso e tá tudo bem” é uma fala que revela muito da bolha em que cada um daqueles participantes vivem.
Às vezes, é difícil dialogar e emitir nossa própria opinião quando lidamos com pessoas a qual não estamos acostumados. Encerrar uma discussão com “está tudo bem” é cômodo, mas será que está tudo bem mesmo? Além disso, em cada bolha, diferentes participantes retratam a diversidade do país. Por outro lado, vale refletir que está mesma bolha impede que enxerguem o valor da diversidade de pensamento.
O fenômeno da bolha
O programa Educamídia define bolha informacional como o ambiente, especialmente online. Neste caso, as pessoas são expostas apenas as informações alinhadas às suas crenças e ideais, trocando conteúdo apenas com quem tem opiniões semelhantes. No extremo, o fenômeno das “bolhas” faz com que as pessoas não tenham contato com opiniões divergentes, impedindo uma visão mais ampla e plural da realidade. No limite, a “bolha” contribui para agravar a polarização da sociedade, e tornar o debate menos saudável.
De que forma, portanto, uma pessoa conseguiria ‘furar’ a bolha informacional? No caso dos participantes do BBB22, é a convivência com pessoas de diferentes bolhas que vai ser possível aprender um com o outro. O público telespectador percebe as bolhas dentro do programa com o passar dos dias. Talvez esse seja o formato de programa que chama tanta atenção justamente por conseguir reunir pessoas de bolhas impossíveis de romper.
Big Brother
A edição 22 do BBB reuniu, mais uma vez, participantes famosos e anônimos em uma casa. De um lado, a turma da pipoca é formada por gente que vivia em suas bolhas e não era conhecida do grande público . Do outro lado, o camarote tem artistas e personalidades conhecidas por meio das mídias. A cada conflito de ideias percebe-se que a expressão “É sobre isso e tá tudo bem” é repetida para justificar que tal ideia é assim mesmo e não tem motivo para contestação. Na verdade, as opiniões, quando questionadas por meio de argumentos, levam a um entendimento mútuo entre as pessoas e o aprendizado com a escuta ativa pode fazer com que aprendam umas com as outras.
Por fim, ao telespectador fica a sugestão de que assista ao programa com olhar crítico de quem se entretém com um reality show. Em primeiro lugar, observe a formação dos grupos e seus conflitos depois de um tempo convivendo juntos. Perceba que conviver com opiniões contrárias é uma tentativa de furar a bolha. Torna-se, assim, saudável para a convivência humana o respeito que devemos ter à opinião do outro mesmo que seja alguma situação que sua bolha ainda não o tenha permitido conviver.