A edição número 023 do JC, publicada em março de 2022, trouxe uma matéria sobre os conflitos que se iniciaram entre os governos da Rússia e da Ucrânia. O jornal entrevistou famílias ucranianas e ouviu crianças falarem sobre o medo da tensão entre esses dois países. Até o fechamento daquela edição, não existia uma confirmação real de que a Rússia havia invadido a Ucrânia. Mas já sabemos do cenário de guerra que a Ucrânia vive. O desafio midiático, agora, está posto: é necessário entender melhor sobre as fontes de informação que teremos sobre este cenário.
Além dos veículos de comunicação, recebemos também as imagens registradas por cidadãos durante os conflitos. Isto porque o fundador e CEO da SpaceX, Elon Musk,liberou o sinal de internet da sua empresa Starlink para ajudar os ucranianos a continuarem em contato com o mundo, depois que as tropas militares russas destruíram a estrutura de comunicação deles. Neste sentido, o cidadão passa a ser o novo correspondente de guerra quando ele mesmo consegue registrar, em tempo real, aquilo que vê e publica em redes sociais na internet.
Desinformação na guerra: análise crítica da mídia
Ao mesmo tempo em que o jornalismo se esforça para manter a sociedade informada sobre o desdobramento do conflito, percebemos uma guerra de narrativas surgindo em meios de comunicação de mídias sociais. Devemos, portanto, estar alertas que em um conflito a primeira baixa é a verdade. Dessa forma, é fundamental avaliar o contexto da informação para entendermos se a mensagem é verdadeira ou falsa.
As fontes de informação mais confiáveis ainda são os canais de mídias jornalísticas que acompanham o dia a dia da guerra. Mesmo assim, é preciso entender a linha editorial de cada veículo, inclusive os estrangeiros, para se compreender os interesses políticos destas empresas. Além disso, quando uma mensagem tem o objetivo de influenciar as pessoas, observe que a opinião é uma avaliação pessoal de alguém sobre um determinado assunto.
De forma a desenvolver hábitos de investigação para analisar mensagens de mídia, o Guia da Educação Midiática, publicado pelo programa Educamídia, sugere algumas perguntas que podem nos nortear para avaliar a credibilidade da informação que nos chega por diversos meios. Questione-se, sempre: é fato, opinião ou outro tipo de conteúdo? Qual a credibilidade dessa informação? Quais são as fontes das ideias e das afirmações? As fontes têm autoridade para falar sobre este assunto específico?
Bombardeio de informação nas redes sociais
Nas redes sociais na internet, mais especificamente no Tik Tok, há muitos registros da guerra sendo disseminados. A mídia audiovisual chega com força total. As informações fora de contexto, entretanto, são constantes. Devemos estar alertas às legendas em português, por exemplo, uma vez que o idioma russo não é de fácil entendimento pela população brasileira. Em meio ao cenário de guerra estão misturando trechos de jogos de tiroteios em video games. Além disso, fatos de conflitos que não estão acontecendo na Ucrânia. Por fim, é importante avaliar o o impacto de todas essas mensagens. O Guia da Educação Midiática ainda indica que precisamos nos perguntar: quem pode se beneficiar desta mensagem? Quem pode ser prejudicado? Que vozes estão representadas ou foram privilegiadas? Que vozes foram omitidas ou abafadas? Mais que nunca o pensamento crítico é considerado uma competência para viver neste novo século de transformação digital.